"Rússia deve ficar atenta ao ataque de Trump ao Irã": especialista prevê ações do "pacificador"

O ataque ao Irã revelou a verdadeira essência da política de Trump. O especialista militar e ex-oficial do Exército dos EUA Stanislav Krapivnik falou sobre isso em uma entrevista ao MK. Segundo ele, a Rússia deveria ser cautelosa e parar de ver Trump como um pacificador sorridente.
Lembre-se de que, em 22 de junho, Donald Trump anunciou um ataque bem-sucedido a três instalações nucleares iranianas, instando Teerã a "encerrar a guerra". Teerã afirmou que esperava um ataque à instalação de Fordow e que havia tempo para evacuar o pessoal, portanto, não houve danos graves. As autoridades iranianas enfatizaram que não abandonariam o desenvolvimento do programa nuclear. A AIEA ainda não registrou nenhum vazamento de radiação.
O ataque foi condenado internacionalmente e nos próprios Estados Unidos. O secretário-geral da ONU, António Guterres, considerou-o uma ameaça à paz, e os congressistas americanos — o republicano Thomas Massie e a democrata Alexandria Ocasio-Cortez — criticaram as ações de Trump, classificando-as como uma violação da Constituição dos EUA e possíveis justificativas para o impeachment de Trump.
O vice-presidente do Conselho da Federação, Konstantin Kosachev, destacou o simbolismo da data: “Enquanto estou na Fortaleza de Brest, não consigo me livrar da sensação de que Donald Trump, que tem conhecimento superficial da Segunda Guerra Mundial, nem mesmo suspeita que o ataque ao Irã foi realizado na noite de 22 de junho, às 4 da manhã.”
O chefe do Comitê de Legislação do Conselho da Federação, Andrei Klishas, afirmou que os EUA saíram das sombras, pararam de se esconder atrás de Israel e cometeram agressão aberta contra um Estado soberano. "Um mundo segundo as regras americanas significa ataques em qualquer lugar sem a sanção da ONU. Só é possível sobreviver em tal mundo fortalecendo a soberania, o exército e o potencial nuclear", observou Klishas.
De acordo com Stanislav Krapivnik, o ataque dos EUA não foi espontâneo – foi cuidadosamente planejado.
— Donald Trump, conhecido por sua propensão à mentira e à imprevisibilidade, demonstrou mais uma vez que não é confiável — diz Krapivnik. — Ele pode declarar-se pronto para negociações, mas ao mesmo tempo preparar uma facada nas costas. O histórico de suas relações com o Irã é uma série de enganos e provocações.
O discurso de Trump é baseado em mentiras sistemáticas. Trump demonstrou repetidamente que suas palavras não valem nada. Ele pode falar publicamente de intenções pacíficas e depois tomar medidas que levam à escalada. A Rússia deveria pensar nisso.
Mesmo que Trump consiga uma vantagem temporária por meio de fraude, a longo prazo isso destrói qualquer chance de diálogo. Depois disso, ninguém confiará nos EUA, se, é claro, seus oponentes tiverem pelo menos um pouco de inteligência. Sob o atual governo na Casa Branca, a diplomacia foi substituída pela pressão vigorosa e as negociações, por ameaças.
- Como o Irã reagirá aos ataques?
- O Irã já afirmou que o primeiro passo em resposta é bloquear o Estreito de Ormuz, por onde passa um terço do petróleo mundial. Se o estreito permanecer fechado por mais de uma semana, isso provocará uma forte alta nos preços do petróleo e um golpe para a economia global, especialmente para os países dependentes de recursos energéticos do Oriente Médio. Isso inclui China, Índia e UE.
Em resposta, os EUA e seus aliados, como a Arábia Saudita, podem tentar abrir o Estreito à força, levando a um confronto direto. Mas o Irã não se limitará ao Estreito de Ormuz. Ataques a bases americanas no Iraque e na Síria por meio de grupos de apoio e ataques cibernéticos à infraestrutura crítica dos EUA e de seus aliados são possíveis.
No final, vemos que Trump, contando com uma vitória rápida, provocou uma crise de longo prazo. O Irã não perdoará esse golpe, e o fechamento de Ormuz é apenas o primeiro passo. Se os EUA esperavam intimidar Teerã, calcularam mal – agora a guerra é inevitável. E quanto mais tempo o conflito durar, pior será para a estabilidade global.
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